sexta-feira, setembro 30, 2005

Há semanas assim!

For everything there is a season,
And a time for every matter under heaven:
A time to be born, and a time to die;
A time to plant, and a time to pluck up what is planted;
A time to kill, and a time to heal;
A time to break down, and a time to build up;
A time to weep, and a time to laugh;
A time to mourn, and a time to dance;
A time to throw away stones, and a time to gather stones together;
A time to embrace, And a time to refrain from embracing;
A time to seek, and a time to lose;
A time to keep, and a time to throw away;
A time to tear, and a time to sew;
A time to keep silence, and a time to speak;
A time to love, and a time to hate,
A time for war, and a time for peace.

Ecclesiastes 3:1-8


Amanhã é sábado! Boa noite.

domingo, setembro 25, 2005

Elogio aos Domingos

Os Domingos são talvez, excluindo as 6as feiras, os melhores dias da semana. São assim... como que cheios de tempo. Devolvem-nos o ritmo que a semana não nos concede. Os Domingos são bons porque podemos ficar na cama até à hora de almoço. No sábado há sempre uma infinidade de coisas para fazer: há que levantar cedo, ir às compras, o encontro com o amigo x e o jantar com a amiga Y antes da ida ao teatro. Ao Domingo não!... Acordamos e tomamos consciência à medida que os móveis tomam forma perante os nossos olhos de que não há planos e podemos ficar ainda, até que a preguiça do nosso corpo nos permita, ficar estendidos entre os lençóis. E depois, saimos para comprar o jornal trazendo no caminho pão ainda morno.

Ao Domingo todas as preguiças são permitidas. Se estiver a chover lá fora, um bom filme (de preferência antigo e mil vezes revisto!) em conjunto com uma chávena de chá fazem as delícias dos domingueiros convictos. Pelo contrário, se estiver Sol, abre-se todo um conjunto de possibilidades que vão desde uma tarde pachorrenta numa esplanada a ler o jornal; a um passeio de bicicleta, um cinema, ou...

Amanhã é 2a. O despertador tocará impiedosamente cedo pela manhã. Os ritmos irão impôr-se novamente. Do Domingo que agora termina guarda-se a memória do tempo dedicado ao sonho e aos pequenos luxos que nos esquecemos de dar a nós próprios durante todos os outros dias, como um chá numa esplanada a ver as folhas já castanhas das árvores sobranceiras voarem com o vento.

Boa semana!

sábado, setembro 24, 2005

Loucos...

Parava no café quando eu lá estava
Na voz tinha o talento dos pedintes
Entre um cigarro e outro lá cravava
a bica, ao melhor dos seus ouvintes

As mãos e o olhar da mesma cor
Cinzenta como a roupa que trazia
Num gesto que podia ser de amor
Sorria, e ao sorrir agradecia

São os loucos de Lisboa
Que nos fazem recordar
A Terra gira ao contrário
E os rios correm para o mar

Um dia numa sala do quarteto
Passou um filme lá do hospital
Onde o esquecido filmado no gueto
Entrava como artista principal

Compramos a entrada p'ra sessão
Pra ver tal personagem no écran
O rosto maltratado era a razão
De ele não aparecer pela manhã

Mudamos muita vez de calendário
Como o café mudou de freguesia
Deixamos de tributo a quem lá pára
Um louco a fazer-lhe companhia

E sempre a mesma posse o mesmo olhar
De quem não mede os dias que vagueam
Sentado la continua a cravar
Beijinhos as meninas que passeiam.

Ala dos Namorados (Música: João Gil, Letra: João Monge)

sexta-feira, setembro 23, 2005

Bom fim de semana!



Não fiquem em casa!

Do outro lado


"The false mirror" (1928), Magritte

Para aquelas vezes em que vemos o mundo refletido em nós.


PS - O MoMA em NY resolveu colocar a sua exposição on-line. Vale a pena espreitar o site e guardar a obra do vosso pintor/ fotógrafo/ escultor à distância de um clic e sem viagem de avião :-)

quinta-feira, setembro 22, 2005

Portrait of a turquish family

"Portrait of a turkish family" de Irfan Orga é o livro ideal para quem quer aprender um pouco mais sobre o que foi viver em Istambul ao longo do século XX. É um livro feito dos pequenos detalhes de que a vida de uma criança é feita. Delicioso, lê-se de um trago. O escritor é originário de Istambul, ainda que tenha vivido grande parte da sua vida adulta exilado em Londres. Foi em inglês que o livro foi escrito, não deixando, apesar de tudo, de exalar todos os ritmos arábicos.

A história de como este livro me veio parar às mãos é interessante.Foi-me aconselhado numa livraria na baixa da cidade chamada simplesmente "Bookstore". Entrei, atraída pelos livros em inglês sobre a turquia. Não sabia bem o que ía à procura. Sabia que queria entender melhor a história e o ambiente da cidade. A rapariga aconselhou-mo dizendo que eu ia adorar. Perante o meu ar incrédulo, disse-me. "Não acredita? Pois olhe todos os postais que eu recebi de outras pessoas a quem o aconselhei." Os postais eram um pouco de todo o mundo e todos eram unânimes dos elogios que faziam. Resolvi arriscar. Não me arrenpendi. Mas não escrevi nenhum postal. Fui-lho dizer pessoalmente antes de deixar a cidade.

Se um dia forem a Istambul, coloquem este livro na vossa bagagem. Ou melhor... vão à "Bookstore" e falem um bocadinho com a rapariga que lá está. Verão os olhos dela a brilhar a falar da sua cidade e do seu país e ficarão com vontade de ler mais e compreender melhor. Leiam o livro nos intervalos da vossa vagabundeagem pela cidade num dos muitos tea-garden. Acompanhado, claro está de um chá turco açucarado, servido num copo de vidro transparente com a forma de uma túlipa delicada. Leiam-no e tentem imaginar, as mulheres discretas e veladas a caminhar pela cidade, os vendedores que apregoavam um pouco de tudo pelas esquinas, os pobres e os mendigos, as mesquitas cheias, as festas da circuncisão, as casas de madeira e o Bósforo...

Boa viagem.

terça-feira, setembro 20, 2005

MEC

Não resisti... depois do "Elogio ao Amor" me ter chegado às mãos, encontrei o site do Miguel Esteve Cardoso. Caótico, mas delicioso. Aparentemente um punhado de drogas para o mau humor. Aconselho uma vista de olhos. Lembrou-me vagamente o Almada. Claro que muitos anos depois e com muitas asneiras à mistura. É bom saber!

http://www.pastilhas.com

Boa noite!

Elogio ao Amor

Arriscando-me a ser lamechas, não resisti...

Elogio ao Amor, por Miguel Esteves Cardoso

Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro.
Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
(...) Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.
Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.

Elogio ao amor (Miguel Esteves Cardoso - Expresso )

segunda-feira, setembro 19, 2005

Paradoxal



"-Oh, diabo!... E eu que disse ao Vilaça e aos rapazes para estarem no Braganza, pontualmente às seis! Não aparecer por aí uma tipóia!...
-Espera!- exclamou Ega.- Lá vem um "americano", ainda o apanhamos.
-Ainda o apanhamos!
Os dois amigos lançaram o passo, largamente. E Carlos, que arrojara o charuto, is dizendo na aragem fina e fria que lhes cortava a face:
-Que raiva ter esquecido o paiozinho! Enfim, acabou-se. Ao menos assentamos a teoria definitiva da existência. Com efeito, não vale a pena fazer um esforço, correr com ânsia para coisa alguma.
Ega, ao lado, ajuntava, ofegante, atirando as pernas magras:
-Nem para o amor, nem para a glória, nem para o dinheiro, nem para o poder...
A lanterna vermelha do "americano", ao longe, no escuro, parara. E foi em Carlos e em João da Ega um esperança, outro esforço:
-Ainda o apanhamos!
-Ainda o apanhamos!
De novo a lanterna deslizou e fugiu. Então para apanhar o "americano", os dois amigos romperam a correr desesperadamente pela Rampa dos Santos e pelo Aterro, sob a primeira claridade do luar que subia."

Eça de Queirós, Os Maias

domingo, setembro 18, 2005

Saudades de Lisboa


Lisbon Revisited

[...]

Outra vez te revejo,
Cidade da minha infância pavorosamente perdida...
Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui...

Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei,
E aqui tornei a voltar, e a voltar.
E aqui de novo tornei a voltar?
Ou somos todos os Eu que estive aqui ou estiveram,
Uma série de contas-entes ligados por um fio-memória,
Uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim?

Outra vez te revejo,
Com o coração mais longínquo, a alma menos minha.

Outra vez te revejo - Lisboa e Tejo e tudo -,
Transeunte inútil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
No castelo maldito de ter que viver...

Outra vez te revejo,
Sombra que passa através das sombras, e brilha
Um momento a uma luz fúnebre desconhecida,
E entra na noite como um rastro de barco se perde
Na água que deixa de se ouvir...

Outra vez te revejo,
Mas, ai, a mim não me revejo!
Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico,
E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim -
Um bocado de ti e de mim!...

Álvaro de Campos

domingo, setembro 11, 2005

Istambul - A cidade das fronteiras



Istambul é uma cidade que se encontra no limiar de muitas fronteiras. É isso que lhe dá o gosto, o colorido e o fascínio que ao longo de séculos encantou os viajantes que nela se refugiaram.

Dizem que Istambul é a única cidade do mundo que cruza dois continentes... De um lado a Europa, do outro lado, muito perto, a Ásia. Há pessoas que vivem num continente, trabalham no outro. As influências estão por todo o lado... Istambul é uma cidade que se procura aproximar da Europa dando sinais de abertura e desenvolvimento e ao mesmo tempo está repleta do cheiro, umas vezes acre, outras doce, das suas especiarias. Os transportes públicos são modernos mas os velhos sentam-se ainda à porta das suas pequenas lojas enquanto jogam gamão e bebem chá ininterruptamente. Os homens nunca chegaram a perder a sua faceta de negociantes de outros tempo, numa cidade em que apesar da europeização nenhum preço está marcado. São dois continentes que se cruzam ali mesmo, de cada lado desse Bósforo que durante milénios viu invasões e imperadores a nascerem e a caírem.

Porque Istambul é uma cidade que está também na fronteira da história. De um ponto alto, quando o barulho dos carros se torna um som distante e a nossa vista abarca a silhueta daquela cidade coroada de orgulhosos minaretes que a nós, como a tantos outros, nos obrigam a erguer os olhos para o céu, não é difícil imaginar Ali Baba e os sultões das 1001 noites. Caminhando pelo palácio, os olhos deslumbram-se com a riqueza e elegância dos mármores coloridos, a dimensão do harém, a vista das suas varandas e jardins, a piscina de mármore branco, os tectos cobertos de delicados azulejos, as paredes rendilhadas, trabalhadas pelos mais habilidosos artistas daquele tempo. É fácil imaginar génios da lâmpada e tapetes voadores. É fácil imaginar sultões tiranos nas suas calças em balão, com as suas 300 concubinas escolhidas entre as mais belas mulheres do império e encerradas em salas de ouro e mármore. Mas isso são sonhos que atravessam a mente quando a deixamos vaguear pelas formas redondas e antigas da cidade. Do outro lado da rua passam carros perigosamente velozes, a poluição é um problema como no império bizantino terão sido as invasões bárbaras. A união Europeia é um sonho e uma necessidade, mas os abusos dos direitos humano são outra realidade. O capitalismo desenfreado e as multinacionais cobrem a paisagem e tornam um pouquinho menos mágica a “Blue Mosque” saturada pela pesada pronúncia americana que ressoa por todos os cantos, como em outros tempos o fizeram as preces. É como se a história desse uma oportunidade a cada povo de ser verdadeiramente grandioso. Istambul teve mais do que a sua quota parte de grandiosidade tendo sido a capital de impérios durante milénios. Hoje vive decadente entre os seus palácios, as suas mesquitas e as ordes de turistas, à procura da sua identidade.

Istambul é ainda uma cidade que balança entre muitas religiões diferentes. Muçulmana por certo, mas também judia, católica e muito mais. As cabeças cobertas das suas mulheres revelam o facto que a Turquia teve como religião oficial o islamismo até meados do século passado. Das mesquitas soam ainda, 5 vezes por dias, as leituras árabes do Corão que chamam os fiéis para a oração do dia. Leituras que soam aos viajantes como música exótica e embalante. À austeridade do islamismo contrapõem-se outros fiéis, sem fez ou véus. Alguém me disse: “Nós não somos como os Árabes, partilhamos a mesma religião mas ela é para ser vivida como cada um sentir que a deve viver”. E assim é em Istambul, muita gente e muitos deuses caminham por aquelas ruas.

E por fim... Istambul é uma cidade na fronteira do sonho e da realidade. A vista dos minaretes da cidade cobertos pelo nevoeiro da madrugada, fazem-nos questionar se será apenas um sonho ou se estarão mesmo ali.

terça-feira, setembro 06, 2005

Vontade de sonhar



" "Onde estás?", pergunta-me ela. "Na torre mais alta de Yedicule? Que vês? - Toda a cidade, todo o mar, toda a terra..." Tantas simetrias, tantas forças contrárias, oscilações entre dois extremos, tanto caos, tudo enredado neste sobrevoo. Como se todas as idades do homem, os seus baixos e altos, se tivessem encontrado ali, todas juntas, no mesmo momento, e todas igualmente vivas, a Ásia e a Europa, frente a frente; como se o mundo se apoiasse neste ponto de equilíbrio sempre em ruptura, num silêncio de filme mudo."

Daniel Rondeau, "Istambul" (Publicações Europa-América)

DÁ VONTADE DE SONHAR, NÃO DÁ?

segunda-feira, setembro 05, 2005

Procedimento habitual

"ESTRAGON - O que é que nós lhe pedimos exactamente?
VLADIMIR - Não estavas lá?
ESTRAGON - Não devia estar a ouvir.
VLADIMIR - Oh... nada de concreto.
ESTRAGON - Uma espécie de oração.
VLADIMIR - Precisamente.
ESTRAGON - Uma súplica vaga.
VLADIMIR - Exactamente.
ESTRAGON - E o que é que ele disse?
VLADIMIR - Que logo via.
ESTRAGON - Que não prometia nada.
VLADIMIR - Que tinha que pensar no assunto.
ESTRAGON - No sossego da sua casa.
VLADIMIR - Consultar a sua família.
ESTRAGON - Os amigos.
VLADIMIR - Os agentes.
ESTRAGON - Os correspondentes.
VLADIMIR - Os livros.
ESTRAGON - A conta bancária.
VLADIMIR - Antes de tomar uma decisão.
ESTRAGON - É o procedimento habitual.
VLADIMIR - É, não é?
ESTRAGON - Acho que sim.
VLADIMIR - Eu também."

Samuel Beckett
À espera de Godot

domingo, setembro 04, 2005

A dignidade do homem

"We have given you, O Adam, no visage proper to yourself, nor endowment properly your own, in order that whatever place, whatever form, whatever gifts you may, with premeditation, select, these same you may have and possess through your own judgement and decision. The nature of all other creatures is defined and restricted within laws which We have laid down; you, by contrast, impeded by no such restrictions, may, by your own free will, to whose custody We have assigned you, trace for yourself the lineaments of your own nature. I have placed you at the very center of the world, so that from that vantage point you may with greater ease glance round about you on all that the world contains. We have made you a creature neither of heaven nor of earth, neither mortal nor immortal, in order that you may, as the free and proud shaper of your own being, fashion yourself in the form you may prefer. It will be in your power to descend to the lower, brutish forms of life; you will be able, through your own decision, to rise again to the superior orders whose life is divine.''

Pico della Mirandola em "Oration on the dignity of Man"

Bom dia!




Henry Cartier-Bresson

sábado, setembro 03, 2005

À bientôt

E há afinidades que nascem assim: sem que as procuremos e sem que as esperemos. É bom saber que no mundo há gente pela qual vale a pena parar e que vale a pena conhecer. Merci, K. J'espère de te rencontrer un jour. À bientôt.

"Noir dans le noir. Plus noir que le noir. Plus noir que le combat de nègres à minuit dans une cave, Je nái pas besoin, pour disparaître, de me cacher; je cesse seulement d'exister, et j'éteins mes phares. (...) C'est de la magie? Bien sûr. Croyez-vous qu'on soit noir à ce point, sans être sorcier?"

Colette, Autres Bêtes, "Chats de Paris"