quarta-feira, agosto 31, 2005

Poeta d' Orpheu, futurista e tudo

A pátria portuguesa segundo Almada Negreiros:

"Vós, oh portugueses da minha geração, nascidos como eu no ventre da sensibilidade europeia do séc. XX criai a pátria portuguesa do século XX.
Resolvei em pátria portuguesa o genial optimismo das vossas juventudes.
Dispensai os velhos que vos aconselham para vosso bem e atirai-vos independentes prà sublime brutalidade da vida. Criai a vossa experiência e sereis os maiores.
(...)
O Povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem Portugueses, só vos faltam as qualidades."

Em Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do séc. XX (Dezembro 1917)

O que mudou?

terça-feira, agosto 30, 2005

Who are you?



Calvin por Bill Watterson

segunda-feira, agosto 29, 2005

Gatos!



"One small cat changes coming home to an empty house to coming home." - Pam Brown

É difícil explicar por que razão se gosta... Gosta-se. Apenas isso... Passeiam-se bamboleando a cauda, que depois poisam cuidadosamente à volta das suas patas, muito juntas, a suportar o corpo direito e imponente como uma estátua antiga. Tão senhores de si!... Vivem de acordo com as suas próprias regras enquanto emanam para o espaço que frequentam a tranquilidade do seu ronronar.

Pequenos felinos curiosos, representantes milenares de deuses, por mais que queiramos nunca vos iremos entender. Passaram-se milénios e encantaram culturas, apaixonaram artistas e gente comum, tornaram-se símbolos. Olhando para o seu corpo ágil e os seus olhos atentos e curiosos é fácil perceber porquê.

Bem vinda!

sexta-feira, agosto 26, 2005

Lomografia



De www.lomography.com


The 10 rules

01/ Take your camera everywhere you go
02/ Use it any time - day and night
03/ Lomography is not an interference in your life, but part of it
04/ Try the shot from the hip
05/ Approach the objects of your lomographic desire as close as possible
06/ Don't think
07/ Be fast
08/ You don't have to know beforehand what you capture on film
09/ Afterwards either
10/ Don't think about any rules

Artistas Unidos

Eduardo Pitta disse tudo (http://daliteratura.blogspot.com/2005/08/fechar-o-pano.html). Nada a acrescentar...

Cito:

"FECHAR O PANO?

Na próxima segunda-feira, dia 29, completam-se três anos sobre o despejo dos Artistas Unidos do espaço d'A Capital, no Bairro Alto. O intermezzo do Teatro Taborda também acabou. Agora os Artistas Unidos andam outra vez às bolandas. E Jorge Silva Melo pondera: «Estou muito hesitante. Não sei se não era melhor fecharmos daqui a pouco tempo, no Verão do próximo ano, cada qual ir para seu lado depois desta experiência em que amadurecemos e mostrámos do que éramos capazes. [...] Se calhar não dá o que pensei n'A Capital, ou dá outra coisa, já só com alguns. Ou nada, fecha-se a torneira e acabou-se.» (cf. DN de hoje) Para já, o grupo prepara-se para a digressão que começa no dia 3 de Setembro, na Guarda, com Music-Hall, de Jean-Luc Lagarce, e para uma nova co-produção com o Teatro Nacional D. Maria II, Os Animais Domésticos, de Letizia Russo. Enquanto isto, de cada vez que alguém deita um pardieiro abaixo, mil vozes se levantam em prol do «espaço cultural». Lisboa está pejada de espaços culturais que nunca acolheram uma exposição de pintura ou fotografia, um curso de escrita criativa ou de literatura comparada, uma venda temática de livros, uma leitura de poemas, uma sessão de piano ou jazz, uma performance teatral ou de bailado. Lisboa deve ser a única cidade europeia com meia-dúzia de teatros fechados (se calhar são mais, mas eu só me lembro de meia-dúzia), condenados às récitas de Natal das multinacionais que podem contratar palhaços para entreter os assalariados, ou ao ocasional monólogo de actores brasileiros de passagem, triste palmarés que reflecte a bacoquice indígena. Entre o Tivoli e o Taborda, dez anos de espectáculos, no primitivo lugar da livraria Ler Devagar, na Culturgest, no Politeama, no Variedades, na Comuna, na Gulbenkian, no Seixal, na mais distante província, no espaço que foi d'A Capital. Dez anos a revelar e a confirmar talentos (Américo Silva, António Simão, Carla Bolito, José Airosa, Manuel Wiborg, Miguel Borges, Paulo Claro, Pedro Carraca, Sérgio Grilo, Sylvie Rocha, etc.), a potenciar sinergias (Camacho Costa, Cecília Guimarães, Diogo Dória, Fernanda Montemor, Glicínia Quartin, Isabel de Castro, Lia Gama, Ricardo Carriço, Rogério Vieira, Teresa Roby, etc.), fiéis a uma programação de risco e, por isso mesmo, exigente. Who cares?"

segunda-feira, agosto 22, 2005

Poesia

Descobri que é preciso crescer mas se aprender a gostar de poesia... Tal como do vinho ou da música clássica. Tudo coisas que exigem tempo para ser apreciadas e degustadas. Quando somos mais novos andamos sempre a correr... Depois, vem um dia em que nos demoramos e descobrimos a beleza que antes nos escapava. É bom saber.


Há poetas que são artistas (por Alberto Caeiro)

E há poetas que são artistas
E trabalham nos seus versos
Como um carpinteiro nas tábuas!...
Que triste não saber florir!
Ter que pôr verso sobre verso, como quem constrói um muro
E ver se está bem, e tirar se não está!...
Quando a única casa artística é a Terra toda
Que varia e está sempre bem e é sempre a mesma.

Penso nisto, não como quem pensa, mas como quem respira,
E olho para as flores e sorrio...
Não sei se elas me compreendem
Nem sei eu as compreendo a elas,
Mas sei que a verdade está nelas e em mim
E na nossa comum divindade
De nos deixarmos ir e viver pela Terra
E levar ao solo pelas Estações contentes
E deixar que o vento cante para adormecermos
E não termos sonhos no nosso sono.

Chuva!

Às vezes pergunto-me onde irão buscar as nuvens tanta água para chover assim...

domingo, agosto 21, 2005

Enivrez-vous

Il faut être toujours ivre. Tout est là: c'est l'unique question. Pour ne pas sentir l'horrible fardeau du Temps qui brise vos épaules et vous penche vers la terre, il faut vous enivrer sans trêve.

Mais de quoi? De vin, de poésie ou de vertu, à votre guise. Mais enivrez-vous.

Et si quelquefois, sur les marches d'un palais, sur l'herbe verte d'un fossé, dans la solitude morne de votre chambre, vous vous réveillez, l'ivresse déjà diminuée ou disparue, demandez au vent, à la vague, à l'étoile, à l'oiseau, à l'horloge, à tout ce qui fuit, à tout ce qui gémit, à tout ce qui roule, à tout ce qui chante, à tout ce qui parle, demandez quelle heure il est; et le vent, la vague, l'étoile, l'oiseau, l'horloge, vous répondront: "Il est l'heure de s'enivrer! Pour n'être pas les esclaves martyrisés du Temps, enivrez-vous, enivrez-vous sans cesse! De vin, de poesie ou de vertu, à votre guise."

Charles Baudelaire

Nadie nos ha visto



Capricho 79 de Francisco Goya Y Lucientes

As amoras

O meu país sabe as amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.

Sophia de Mello Breyner

quarta-feira, agosto 17, 2005

Fogo de Artificio





No outro dia houve fogo de artifício. Longo, belo e imponente. A fazer jus à riqueza da cidade e à honorabilidade dos que assistiam. Entre os “UUHH” e os “AAHH” dedicados às belíssimas figuras que se iam criando: às estrelas cadentes, às galáxias de planetas de todas as cores, com os seus anéis e as suas luas, às flores e às luzes faiscantes, os homens paravam para admirar o céu.

Foi apenas luz e pólvora, alguma cor, muito estrondo... Mas a cidade encheu-se de gente, parou-se o trânsito, fez-se a festa. Eram novos, velhos, bebés, de muitas cores, de muitos países, por certo de muitas religiões. Naquele momento apenas Homens. Comentava-se em surdina, porque a par das cabeças viradas para o céu nocturno, o ambiente encheu-se de uma religiosidade pagã e, como na igreja, as pessoas falavam baixinho, talvez acreditando que inspiração dos deuses não se incomoda.

E apesar de ser apenas luz e pólvora, os humanos são humanos, com o seu gosto pelas coisas belas e os seus “AAHH” e “UUHH” universais. E não foi por causa das crianças como eles diziam, que eu bem os vi... Barbudos, do alto dos seus 50 anos, então 5, com um sorriso maravilhado sob o céu colorido! Vi-os enquanto eu própria não consegui conter a admiração pela cascata de ouro que surgira à minha frente. E um dos “AAHH” foi meu!

Uma pausa a meio da tarde

Porque a vida num escritório consegue ser surreal...


Dilbert por Scott Adams

terça-feira, agosto 16, 2005

Sem amarras

Não têm vontade de partir agora mesmo e correr mundo?

"Travel is fatal to prejudice, bigotry and narrow-mindedness, and many of our people need it sorely on these accounts. Broad, wholesome, charitable views of men and things can not be acquired by vegetating in one little corner of the earth all one's lifetime. " Mark Twain

segunda-feira, agosto 15, 2005

Zap Mamma

Há músicas a que nós associamos estados de espírito, alturas do dia ou até mesmo estações do ano. Neste sentido, os Zap Mamma são uma festa na praia num dia quente de Verão. Com origens entre África e Bruxelas são a ponte que nos faz viajar por locais que embora não nos sejam totalmente desconhecidos, nos obrigam a estar alertas porque não são de todo comuns. São também uma prova de como as misturas, neste caso de cultura e ritmo, podem produzir resultados absolutamente inesperados.

Os Zap Mamma são assim: solarengos, cheios do calor amistoso que trazem das suas terras africanas e com muita irreverência. Se tiverem oportunidade percam um bocadinho a ouvir o disco A Ma Zone. Parem na música "Gissie" ou talvez na "Gbo Mata" e depois digam... se não pensaram que tinha que ser Verão com uma música assim.

Enjoy!

Para pensar...

"A mind once stretched by a new idea never regains its original dimensions." Anónimo

domingo, agosto 14, 2005

Tenham uma boa semana!

O fim do Verão

Enquanto Portugal goza ainda do calor (intenso!) destes dias de meados de Agosto, aqui o Verão começa a tornar-se numa recordação. Não muito distante é certo, mas já uma recordação. As baixas temperaturas e a chuva miudinha fazem-nos lembrar que o tempo de tirar os casacos e as luvas dos armários não virá longe.

Claro que este tempo Outonal precoce tem as suas belezas... como as de um chá quente no sofá enquanto se assiste a um filme na televisão, tendo como música de fundo a chuva a bater nos vidros.

Se ao menos eu pudesse mandar um pouquinho desta chuva também para as terras ressequidas dos nossos campos!!!...

Better together

"It's not always easy and sometimes life can be deceiving
I'll tell you one thing, it's always better when we're together

(...)

And all of these moments just might find their way into my dreams
tonight
But I know that they'll be gone when the morning light sings
Or brings new things for tomorrow night you see
That they'll be gone too, too many things I have to do
But if all of these dreams might find their way into my day to day scene
I'd be under the impression I was somewhere in between"

Extracto da música "Better together" de Jack Johnson (Album "In Between Dreams")

Delicatesse?

Deixem-me em poucas explicar o que pretende ser "Délicatesse"...

As "Délicatesse" são lojas que preparam para os seus clientes, entre outras coisas, comida invulgar ou de locais distantes. Esta "Délicatesse" é o espaço através do qual eu quero partilhar convosco os pequenos detalhes com que me vou deparando, que tornam os locais distintos e as pessoas diferentes, que fazem com que distinga os dias e os meses, que me deixam surpresa ou simplesmente me arrancam um sorriso. Pequenos detalhes que me fazem saborear os dias que passam.

Cheguei à conclusão que a vida pode ser passada a correr de um lado para o outro, desde que de vez em quando paremos para observar, respirar fundo e continuar. Para saborear as comidas invulgares na esquina do nosso bairro, ou os cheiros distantes de qualquer sítio deste mundo. Assim sendo, resolvi dormir menos e prestar mais atenção àquilo que me rodeia... Este vai ser o local onde irei armazenar essas minhas viagens e reflexões.

Mas espero ainda e principalmente que "Délicatesse" seja uma ponte. Entre mim e vós. Porque apesar de distantes continuam a fazer parte da minha vida. Que esta ponte assegure que nenhum tempo ou distância nos tornam estranhos.