Em todas as vidas, há sempre pequenos detalhes que ao darmos por eles nos arrancam sentimentos contraditórios. As despedidas são um deles. Reúnem em si a agitação da partida e a certeza reconfortante que há pessoas às quais nunca se diz adeus, apenas até à próxima. Essa evocação é tanto mais poderosa quando é feita através de papéis esquecidos numa caixa, ou quando qualquer coisa, qual madalena de Proust, nos faz recordar... Passaram seis meses. Lembram-se?
Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama a tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós próprios.
Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está alem dos deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.
Ricardo Reis, 1916
sábado, outubro 01, 2005
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2 comentários:
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Sim, lembro e gostava que o Blog não fosse a única forma de saber notícias tuas.
Beijos, muitos
PS- os comentarios aos teus textos estão a ficar um bocado comerciais!!!
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